Extrema direita cria bloco formal no Parlamento Europeu
Os partidos extremistas, xenófobos e de extrema direita da Europa cruzaram um novo limiar nesta semana, conquistando mais tempo para pronunciamentos, mais verbas e mais influência política no Parlamento Europeu do que em qualquer momento do passado. Mas, na primeira coletiva de imprensa, já houve divergências entre seus membros. Alegando representar 23 milhões de europeus, os partidos ultranacionalistas elegeram um número suficiente de membros do Parlamento Europeu para permitir a constituição de um grupamento político formal. Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, uma série de eleições conduziu partidos nacionalistas de extrema direita ao poder em administrações municipais, regionais, nacionais e no Legislativo europeu. Além disso, a admissão da Romênia e Bulgária à União, recém-formalizada, resultou em número suficiente de membros de extrema direita no Parlamento Europeu para permitir a constituição de um bloco político formal, que requer 20 parlamentares de pelo menos seis países. Em meio a protestos formais e apupos, 20 legisladores assinaram ontem a formação do novo bloco chamado Identidade, Tradição, Soberania (ITS), liderado por Bruno Gollnisch, da Frente Nacional francesa. O bloco inclui um parlamentar búlgaro, Dimitar Stoyanov, que ontem atacou a "elite judaica" e acusou os pais ciganos de venderem crianças de 12 anos para prostituição. Por essas declarações, Stoyanov foi repreendido pelo britânico Ashley Mote, também do ITS. Os desentendimentos dentro do grupo podem prejudicar sua consolidação, pois a esquerda e os verdes afirmam que o ITS não possui um programa político coeso -o que o impediria sua existência no Parlamento. Políticos de posição mais convencional vêm se esforçando há anos para conter a ameaça da extrema direita.
Folha de São Paulo, 17/01/07